Em discurso em evento da igreja Assembleia de Deus no Pará, Bolsonaro disse acreditar que aos poucos o STF “vai mudar”. Mudar pra onde e como? Sendo todos evangélicos e orar antes de cada audiência? O dever do STF é ser o “guardião” da constituição interpretando-a e nada mais que isso.
Por Redação
O presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar nesta quarta-feira a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmando que sabia que uma ou outra pessoa da corte iria atrapalhar seu governo, e disse que a nomeação feita por ele de um pastor evangélico irá melhorar o tribunal. Melhorar com um pastor? O Brasil é laico e não deve ser submetido a esse tipo de situação. Não é de interesse publico a religião ou mesmo qualidade sexual de nenhum membro do STF.
Ao discursar em evento da igreja Assembleia de Deus no Pará, Bolsonaro disse acreditar que aos poucos o STF vai mudar, e citou sua indicação do ex-ministro da Justiça André Mendonça, que é pastor, para ocupar uma vaga na corte. Essa vaga na corte se fosse pra ser definida hoje, certamente Bolsonaro e André Mendonça ou o “Terrivelmente Evangélico” seriam massacrados pelo senado.
“Tenho conversado muito com o pastor Mendonça, porque a vida dele também vai mudar. Fiz um pedido a ele. Ou melhor, dei uma missão a ele. E ele se comprometeu a cumprir. Toda a primeira sessão da semana no STF, ele pedirá a palavra e iniciará os trabalhos após uma oração. Pode ter certeza. Deus fará mais presente naquela instituição. Onde entra a palavra de Deus entra a harmonia, a paz, entra a prosperidade”, afirmou Bolsonaro. Esquece o presidente que lá é casa da justiça e que Deus está em todos os lugares onde o povo tenha fé e acredita no estado laico que é o Brasil.
Bolsonaro está no centro de uma crise com o Supremo, em especial os ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, contra quem anunciou que apresentará pedidos de impeachment ao Senado. Pedido esse que certamente será rejeitado pelo senado que é uma casa revisora de qualquer tipo de agressão a constituição federal.
Moraes foi o ministro do STF responsável pela determinação da prisão preventiva de Roberto Jefferson, hoje um dos principais defensores de Bolsonaro. Barroso, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é visto pelo presidente como o responsável por impedir a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que instituiria o voto impresso para urnas eletrônicas. Mesmo com tamanha crise e popularidade derretendo, Bolsonaro insiste em dizer que estar tendo “um bom retorno” do Congresso Nacional.
Com informações da Agência Reuters