Alvo da intimidação, Arthur Lira tentou minimizar o episódio, mas oposição quer a responsabilização do militar que assim como Bolsonaro parece viver em uma redoma de vidro em que o mundo e às pessoas não evoluem, aliás, todos evoluem, menos Bolsonaro, Braga Netto e seus círculos fanáticos pelo fundamentalismo hipócrita.
Por Murilo Pajolla
Políticos do campo democrático reagiram à ameaça golpista do ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, que teria condicionado as próximas eleições à aprovação no Legislativo do voto impresso, pauta defendida pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
“Ministro da Defesa que condiciona as eleições a mudanças no sistema não ganha capa de jornal. Ganha cadeia”, publicou o coordenador do MTST e da Frente Povo Sem Medo, Guilherme Boulos (PSOL).
A oposição acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) e a Procuradoria Geral da República (PGR) para que o militar responda judicialmente. Parlamentares querem também que o general vá ao Congresso prestar explicações.
Nesta quinta-feira (22), uma reportagem de O Estado de S.Paulo revelou que a advertência teria sido comunicada ao presidente da Câmara Arthur Lira (Progressistas-AL) por meio de um interlocutor. A intimidação teria contado com o respaldo dos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.
Em nota oficial do Ministério da Defesa, Braga Netto classificou o episódio como “desinformação” e disse que não se comunica com os chefes dos poderes por meio de interlocutores, mas não negou ter ameaçado o pleito. No comunicado, ele considerou a discussão sobre o voto impresso como “legítima”.
Veja reações do mundo político
Implicado diretamente, o presidente da Câmara Arthur Lira (Progressistas-AL) não negou nem confirmou o teor da reportagem do jornal paulista:
Em uma sequência de publicações no Twitter, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) foi mais enérgico. Ele chamou Braga Netto de “um elemento perigoso para a democracia” e classificou as declarações do general como “irresponsáveis” e “inconsequentes”:
Líder da Oposição na Câmara, o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) prometeu convocar o general à Câmara para se explicar aos deputados:
O deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ) reforçou a confiabilidade da urna eletrônica e acusou o ministro da Defesa de contribuir para a instabilidade institucional:
Para o senador Humberto Costa (PT-PE), o presidente Bolsonaro está preparando um golpe militar. O parlamentar fez um pedido oficial à Procuradoria Geral da República (PGR) de investigação sobre as “e as graves ameaças à democracia”:
Não é papel de militares tutelar o processo eleitoral em uma estado democrático de direito, avaliou a presidenta nacional do PT e deputada federal Gleisi Hoffmann:
O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad pediu que o general seja afastado das funções:
Já Guilherme Boulos afirmou que, dentro de uma regime democrático, a ameaça de golpe deve ser punida com prisão:
Se depender da oposição, a conduta do militar será investigada. O pedido já foi protocolado no Supremo Tribunal Federal (STF), segundo a deputada federal Natália Bonavides (PT):
O ministro do STF Gilmar Mendes lembrou que é dever dos militares respeitar a Constituição e as instituições:
Ainda no STF, o ministro Luís Roberto Barroso minimizou o episódio e desmentiu a ameaça de golpe:
Via Brasil de Fato