CPI ouve diretora da Precisa, que intermediou negócio nebuloso da Covaxin. Assista

Bolsonaro confirma ter recebido denúncias e diz que “passou pra frente”. Já o “reverendo” apresentou atestado médico para não depor na quarta-feira

RBA – A CPI da Covid recebe, nesta terça-feira (13), a partir das 9h, a diretora técnica da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades. A empresa intermediou negociações da vacina indiana Covaxin, apontada pela comissão como “calcanhar de Aquiles” de Bolsonaro, segundo a senadora Simone Tebet (MDB-MS). Porém, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, autorizou nesta segunda-feira que Emanuela fique em silêncio no depoimento.

Acompanhe a sessão desta terça

O governo de Jair Bolsonaro assinou um contrato considerado fraudulento, de acordo com testemunhos, no valor de R$ 1,6 bilhão, para a compra de 20 milhões de doses da Covaxin por US$ 15 a dose. O deputado Luis Miranda (DEM-DF) e seu irmão Luis Ricardo Miranda, o ex-coordenador de Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Fernandes Miranda, teriam informado o presidente sobre irregularidades no contrato.

Enquanto a negociação com a Pfizer, considerada mais eficaz, levou 330 dias, a Covaxin, antes de ser aprovada pela Anvisa, foi comprada em 97 dias. Mas, diante das denúncias da CPI, o negócio foi suspenso, e assim as doses nunca chegaram ao país. As denúncias vão de preço superfaturado a pedidos de pagamentos “por fora”. E passam também por pressões pelo fechamento do negócio. Ontem (12), Bolsonaro afirmou em declaração pública que recebeu denúncias de Miranda e que “passou pra frente”.

Mais tarde, em entrevista ao programa Roda Viva, o deputado Luis Miranda observou que nunca foi desmentido por Bolsonaro. “Ele tenta minimizar a denúncia. Mas em nenhum momento ele me desmente”, disse Miranda, que negou ter gravado o presidente, porém deixou no ar a possibilidade de alguém ter gravado. Além disso, ressaltou ter como provar as denúncias.

“Reverendo” tenta escapar

Na decisão a favor de Emanuela Medrades, Fux determinou que a depoente possa permanecer em silêncio, se for questionada sobre fatos que a incriminem. Ela participou diretamente das negociações para a importação da vacina da Índia. Porém, de acordo com a decisão de Fux, Emanuela é obrigada a depor e falar a verdade, pois seu pedido de não comparecer foi negado.

Já o “reverendo” Amilton Gomes de Paula, cuja oitiva estava prevista para esta quarta-feira (14), apresentou atestado médico. Alegou “impossibilidade momentânea” de comparecer à comissão por 15 dias, devido a uma crise renal, segundo o atestado. Não foi marcada nova data para o depoimento.

O suposto religioso teria sido autorizado pelo próprio Ministério da Saúde a negociar a nebulosa compra de 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca com a empresa Davati Medical Supply. O presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), convocou o “reverendo” a comparecer a uma junta médica no Senado nesta terça (12) para realizar perícia.

Os senadores fariam uma reunião ontem à noite para decidir se a oitiva de Amilton de Paula seria mantida. Segundo reportagem da Agência Pública, ele esteve no Ministério da Saúde em 4 de março de 2021, como representante da organização privada Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), que articulou a aquisição de vacinas com a pasta. As doses seriam oferecidas a prefeituras e governos estaduais.

Na quinta-feira (12), a CPI vai ouvir o ex-diretor substituto do Departamento de Logística do Ministério da Saúde coronel Marcelo Blanco. O requerimento de convocação é do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que quer esclarecer a presença do militar na reunião em um restaurante de Brasília, onde teria ocorrido pedido de propina em negociação para compra da vacina AstraZeneca.

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