Ex-ministro e senador Marcos Rogério (DEM-RO) divulgaram informações falsas durante segundo dia da oitiva do general
RBA – O segundo dia de depoimento do ex-ministro Eduardo Pazuello, nesta quinta-feira (20), à CPI da Covid, começou com mentiras e desinformações do general e de senadores governistas. A oitiva foi suspensa ontem (19), após os parlamentares serem convocados para votações no plenário do Senado.
O depoimento de Pazuello foi retomado com temas como a falta de oxigênio em Manaus, no começo deste ano, e o TrateCov, aplicativo lançado pelo Ministério da Saúde que indicava medicamentos ineficazes para a covid-19 como cloroquina e ivermectina, incluindo para bebês e gestantes.
Segundo ele, a plataforma nunca foi ao ar, após ser “hackeada”. No entanto, ele foi desmentido nas redes sociais. O perfil do Twitter Desmentindo Bolsonaro, republicou um vídeo do governo federal, com Pazuello anunciando o aplicativo e citando a habilitação de ao menos 300 médicos do Amazonas para usá-la.
Zamiliano, apresentador do podcast Revolushow, lembrou que uma campanha publicitária sobre o TrateCov também foi veiculada naTV Brasil. “Alguém, por favor, contrate esse hacker. Ele hackeou o Ministério da Saúde, lançou o aplicativo, depois hackeou o sistema de transmissão da EBC passou e os programas falando do tratcov e fez campanhas publicitárias. O cara, sozinho de casa, coordenou mais campanha que toda a Secom”, ironizou.
Omissão em Manaus
Eduardo Pazuello também foi questionado na CPI pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM) sobre a falta de ações do Ministério da Saúde para evitar a crise de abastecimento de oxigênio na capital do Amazonas. O ex-ministro atribuiu a culpa à Secretaria Estadual de Saúde.
O médico e deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) afirmou que a crise de fornecimento de oxigênio no Amazonas é “a pedra no sapato de Pazuello”. “É um caso concreto de crime de responsabilidade. A tragédia poderia ter sido evitada. Vidas poderiam ter sido salvas. Pazuello é culpado”, tuitou.
A também deputada federal Sâmia Bonfim (Psol-SP) acrescentou que o ex-ministro tentou se eximir da responsabilidade da crise em Manaus. “O que ele não diz é que estava na cidade quando já faltavam insumos. O que fazia lá? Lançava o aplicativo ‘TrateCov’ que receitava cloroquina e antibióticos descontroladamente. Criminoso!”, postou, em alusão à fala de Pazuello na CPI.
Desinformação sobre cloroquina
Em outro momento, com o objetivo de blindar o presidente Jair Bolsonaro, o senador governista Marcos Rogério (DEM-RO) exibiu vídeos de 2020 com governadores defendendo o uso de cloroquina em pacientes de covid-19. Ele também foi criticado por vincular um material descontextualizado, pois os vídeos foram feitos em abril do ano passado, quando não havia estudos sobre a ineficiência do remédio.
O próprio presidente da CPI, o senador Omar Aziz (PSD-AM), rebateu e afirmou que a ciência “evolui rapidamente e protocolos são assinados mensalmente”, ao lembrar que os vídeos foram publicado em março e abril de 2020.
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), que foi citado no vídeo do senador, respondeu a acusação nas redes sociais. “É muito fácil distinguir duas condutas: 1) a de um gestor irresponsável que empurra remédios sem habilitação técnica; 2) a de um gestor que disse, no dia 10 de abril de 2020, que respeitava as orientações médicas. A 2ª atitude foi a minha.”
O jornalista Kennedy Alencar acrescentou que, no início da pandemia, governadores sugeriram uso por ordem médica e em ambiente hospitalar, enquanto Bolsonaro ofereceu cloroquina a emas e receitou para a população. “Marcos Rogério sempre acha que descobriu a pólvora para ajudar o presidente e acaba quebrando a cara. Ele exibe agora a irresponsabilidade de Bolsonaro”, criticou.