A cena política para quarta-feira 19, terá o esperado interrogatório do general que para não construir provas contra se mesmo terá que encobertar os “supostos” crimes do seu capitão. A vergonha geral fica com a posição estranha do Exército que desde a redemocratização do Brasil, tem se mantido de forma respeitada em seu papel constitucional, desmoralizada agora no governo bolsonarista com vários militares envolvidos em prováveis ilícitos.
Por Jana Sampaio
Um dos nomes mais aguardados pela CPI da Pandemia no Senado, o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, poderá silenciar se julgar que sua resposta pode produzir provas contra si. O general, investigado por suspeita de omissão na crise da Covid-19 no Amazonas, ganhou esse direito ao ter um habeas corpus concedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, após pedido da Advocacia-Geral da União. A decisão, porém, não permite que ele se omita ao ser questionado sobre terceiros. Assim diz a coluna Radar da revista Veja.
Nas redes sociais, integrantes da comissão comentaram a resolução do STF. Para o relator Renan Calheiros (MDB-AL), “a decisão do ministro Lewandowski não atrapalha a investigação. Ela garante ao depoente que não se autoincrimine. E não é isso que queremos com Pazuello. Interrogatório bom não busca confissões. Quer acusações sobre terceiros. Com relação a ele, outros falarão.”
Vice-presidente da comissão, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) concordou. “[Ele] deverá responder sobre fatos de terceiros, emitir juízos de valor, bem como responder às questões que envolvam ações, omissões e responsabilidades de outros membros do Governo Federal, sempre com o compromisso de dizer a verdade”, tuitou o senador em seu perfil oficial.
O presidente da CPI, por sua vez, lamentou a decisão. “É uma pena. O Supremo que ordenou que o Senado abrisse a CPI é o mesmo que tira a oportunidade de um ex-Ministro da Saúde esclarecer os fatos. E justamente o que mais tempo ficou no Ministério da Saúde durante a pandemia, que poderia ter ordenado a compra de vacinas”, escreveu Omar Aziz (PSD-AM).
Já o senador Fabiano Contarato (Rede-ES), integrante da CPI, afirmou: “O silêncio do que se acovarda diante de sua culpa será interpretado como uma confissão moral por parte do povo brasileiro, ainda que não possa ser juridicamente interpretado como tal. Não faltarão evidências para incriminar Pazuello e dar-lhe o que merece!”
Com Revista Veja