Museu nova-iorquino exibe talento de David Bowie (RETRÔ 2011)

Exposição reúne dezenas de videoclipes, filmes, shows e entrevistas com o artista (Postado em em maio 11, 2011)

Com Terra

O muitas vezes esquecido talento interpretativo do músico britânico David Bowie, que graças à invenção do personagem Ziggy Stardust revolucionou a cena do rock dos anos 1970, é tema de uma retrospectiva no Museum of Arts and Design (MAD) de Nova York.

“David Bowie, Artist” reúne dezenas de videoclipes, filmes, shows e entrevistas com o camaleônico artista, que expõem a diversidade de seu trabalho além de sua música, caracterizada pela qualidade das apresentações que têm como referência o cabaré, o teatro de vanguarda e sua formação como mímico com o britânico Lindsay Kemp.

“Muitas vezes nos focamos apenas no campo pelo qual um artista é famoso, mas a metodologia e o trabalho de Bowie nascem de uma formação realmente diversa, baseada na mudança contínua, na experimentação, na necessidade de fazer algo inovador”, explicou à Agência EFE o diretor do programa desta retrospectiva, Jake Yuzna.

O melhor exemplo dessa necessidade de inovar é sem dúvida seu “alter ego” Ziggy Stardust, a andrógina criatura de outro mundo que catapultou David Bowie à fama em 1972, quando colocou à venda seu álbum “The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars”.

Com um brilhante cabelo vermelho, sapatos plataforma, trajes galácticos e várias camadas de maquiagem, Bowie se transformou então em Ziggy Stardust e com ele nasceu o chamado “glam rock”, caracterizado por uma ambiguidade sexual e um tom futurista que romperam com o ambiente intelectual hippie dominante dos anos 1960.

Esse “novo eu” de Bowie, que o transformou irremediavelmente no “rei do glam”, pode ser apreciado em seu estado mais “eletrizante” no vídeo de 90 minutos feito pelo documentarista americano D.A. Pennebaker de um show da banda na noite de 3 de julho de 1973.

O vídeo da apresentação, a última na qual Bowie se transformaria em Ziggy Stardust e na qual tocou canções lendárias como “Suffragette City”, “Oh! You Pretty Things” e “Ziggy Stardust”, poderá ser assistido na sede do MAD, em Manhattan.

Com interpretações como aquela, o britânico “mudou totalmente a concepção do espetáculo do rock”, segundo o responsável pela retrospectiva, que afirma que “não teriam existido as imensas e famosas turnês de Madonna e Lady Gaga se antes não houvesse existido alguém como Bowie, o primeiro a levar ao palco uma fusão de música, cultura e interpretação, tudo em um grande espetáculo”.

Pouco após seu último show como Ziggy Stardust, a obsessão de Bowie pelo além e pelos OVNIs – o artista chegou a dizer que seres estranhos o perseguiam – o levaram a realizar um de seus papéis mais marcantes no cinema, o do extraterrestre humanoide Thomas Jerome Newton em “O Homem que Caiu na Terra” (1976).

Para homenagear essa interpretação, o MAD também preparou uma reedição especial do filme em 35 milímetros para ser projetada no Filme Fórum de Nova York, que vai de 24 de junho até 7 julho, paralelamente ao restante da programação da retrospectiva.

Após suas atuações como Ziggy Stardust e o alienígena de “O Homem que Caiu na Terra”, Bowie começou uma prolífica carreira cinematográfica que o levaria a trabalhar com grandes figuras das telas como Martin Scorsese, para quem se transformou em Pôncio Pilatos em “A Última Tentação de Cristo” (1988).

Dois anos antes de colaborar com o aclamado diretor nova-iorquino, Bowie mergulhou na filmagem de “Labirinto – A Magia do Tempo” (produzido por George Lucas e dirigido por Jim Henson), para o qual não somente encarnou o perverso Goblin King como também criou a trilha sonora.

A retrospectiva, na qual também será possível assistir “Fome de Viver” (1983), “Furyo – Em Nome da Honra” (1983) e “Romance por Interesse” (1991), mostrará ainda a interpretação de Bowie como o pai da Pop Art, Andy Warhol, no filme “Basquiat” (1996), mais de duas décadas depois de ter composto a música “Andy Warhol”, de seu álbum “Hunky Dory” (1971).

Esta não é a primeira vez que Nova York faz uma homenagem ao talento interpretativo do britânico, já que em 2008 o líder da banda nova-iorquina Sonic Youth, Thurston Moore, realizou uma seleção dos 15 melhores videoclipes de Bowie como parte de uma exposição no Museu de Arte Moderna (Moma).

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